sábado, 11 de abril de 2009

Homo Sapiens Transistorz.

Olá amigos Segue aqui mais uma louca história que nunca deveria ter saído de minha cabeça.



Diário de Alexandre Álvares 22.03.2048

“Hoje quando voltava do trabalho testemunhei a coisa mais estranha que já havia visto em minha vida. E tenho certeza de que todos que estavam ao meu redor tambem o acharam. Como de costume saí do escritório as 17h05min, mesmo sendo tão tarde o sol ainda não havia se escondido totalmente. Havia deixado o carro no estacionamento que ficava na rua abaixo ao edifício em que trabalho, não por que fosse mais barato ou coisa parecida. Mas por que assim eu poderia tomar toda tarde aquele pouco de sol e respirar algo que não fosse proveniente de um ar condicionado. Foi quando aguardava junto com outros transeuntes o semáforo nos liberar caminho, que aconteceu o tal evento. O sinal havia ficado amarelo para os veículos e a maioria dos motoristas tiravam o pé do acelerador, um daqueles automotivos japoneses cinzas vinha vagarosamente quando algo caiu do céu e chocou-se contra o seu pára-brisa. A coisa fez um baque surdo porem alto, e estilhaçou todo o vidro. O motorista freou o carro no mesmo instante e saltou para fora. Não demorou para que as pessoas se juntassem a ele no intuito de ver o que havia caído, de início não tive interesse algum em saber de que se tratava. Mas ao ouvir o som de surpresa dos que se aproximavam, resolvi dar uma espiada. Devo admitir que não reconheci o “objeto” quando pus os olhos nele, a coisa pareceu-me um tijolo com penas devido ao seu formato. Mas após ter apurado a visão percebi que era um pombo, é claro que aquilo não podia ser um pombo comum. Era imenso e com toda certeza pesado, pois havia quebrado o pára-brisa do veículo. Mas a coisa mais estranha no “animal” eram os fios que saltavam de suas órbitas e bico. Um enorme emaranhado cor de cobre fora vomitado pelo bicho, e expelido para fora de seus olhos. A língua pendia para fora do bico e pingava algo preto. Aquilo parecia um robô que havia explodido de dentro para fora, mas era um pombo. Embora me recuso a acreditar que seja um, mas que explicação poderia ter aquilo? Um brinquedo com toda certeza não era, algo tão pesado podia machucar uma criança. E tambem não acredito que fosse uma câmera secreta da CIA, KGB ou qualquer outra sigla. A menos que essas entidades estejam construindo ciborgues e tiveram a brilhante idéia de começar justamente pelos animais. Lembro-me que as pessoas se entreolhavam, e discutiam sobre o que diabo era aquilo. Eu realmente não sei, mas sei que robôs não tentam respirar. E sei tambem que brinquedos não defecam, pois o nosso amigo emplumado fazia os dois.”

Diário de Alexandre Álvares 25.03.2048

“Se o evento do pombo foi estranho, hoje nos jornais li algo que me pareceu mais estranho ainda. Não me lembro exatamente o nome da cidade em que ocorreu o fato, e isso tambem não importa. O importante é que se eu houvesse lido ao maldito jornal antes de ter conhecido o tijolo com penas, eu jamais iria acreditar na matéria. Uma dona de casa havia encontrado seu gato morto atrás da porta da garagem de onde morava, sei que não parece grande coisa. E não seria se a porra do gato não tivesse vomitado óleo, e se em seu interior não fossem encontrados fios de cobre revestidos de plástico que ligavam o cérebro ao coração e outros órgãos. Segundo a noticia nenhum vestígio de sangue foi encontrado dentro do animal, o veterinário responsável pelos estudos chegou a afirmar que o sangue do bichano havia sido trocado por óleo, ou se “transformado” nele. Realmente fiquei assustado quando li a parte do sangue sendo transformado em óleo, como algo assim poderia acontecer?
Se o caso do gato parasse nesse exato momento, ficaria mais tranqüilo. Mas o gato havia mais para mostrar. Uma de suas patas traseiras, à esquerda se não me falha a memória... Bom não interessa qual das patas. Dessa vez foi o cálcio que se transformou em cromo, os ligamentos haviam virado pistões. “Isso foi o que mais me espantou, era uma prótese perfeita de aço, ou qualquer metal. Ainda estava ligada ao osso no momento em que examinei o animal, e não foi apenas isso. Mesmo após a morte, o “cromo” ainda nos ossos penetrava nos ossos do animal. O aço subia para os ossos, com uma cor de ferrugem que aos poucos se transformava em prateado...” Eu parei de ler nesse exato momento, meu coração já parecia subir pela garganta então me certifiquei de que ele não faria isso fechando o jornal.”

Diário de Alexandre Álvares 26.03.2048

“Minha cabeça virou uma bagunça total hoje, já havia ficado realmente assustado com os dois casos que havia se passado. Mas nada no mundo me prepararia para o que aconteceu hoje, estava em meu escritório terminando mais um dos relatórios infernais que estavam sobre minha mesa. Quando ouvi um som estranho, e algo passou por detrás de minha cabeça em alta velocidade. Tentei seguir o som, mas só conseguia ver um reflexo prateado cortando o ar a minha frente. O som lembrava o de uma sacola dançando ao vento, mas com uma grande intensidade. O reflexo prateado ficou parado no ar contra a luz, e começou a descer lentamente em minha direção até pousar em meu braço. Fiquei maravilhado ao ver que era um inseto, não sei dizer que inseto ele era anteriormente. Mas acredito que fosse uma libélula, devido aos seus movimentos rápidos. O bicho era todo de metal reluzente, seus olhos viraram duas lanternas vermelhas que giravam nas órbitas e pareciam observar milimetricamente todos os lados. As pontas de suas patas lembraram-me alfinetes, mas o que realmente me deixou estarrecido e maravilhado foram suas asas. Elas eram um trançado de fios dourados, recobertos por vidro. Quatro pares de asas que reluziam contra a luz, três pares de pernas que caminhavam sobre a manga de meu paletó. Nas laterais do corpo de meu novo amiguinho pude ver duas longas linhas que pulsavam bombeavam um líquido negro, o bicho caminhou até a as costas de minha mão e ficou parado ali. Seus olhos se voltaram para a minha pele, pude sentir o local onde os fachos de luz vermelha fitaram esquentar, levantei a mão até a altura do rosto para observar a coisinha. Uma longa estrutura espiralada como um saca rolhas saiu do abdômen da libélula, e desceu com força nas costas da minha mão. A dor foi extremamente profunda, e instintivamente levei a outra mão ao lugar e espalmei o bicho. Ela não devia ter mais que quinze centímetros, pois a palma de minha mão a cobriu inteira. O inseto estava em uma poça do liquido negro, Uma de suas patas se contorcia em espasmos frenéticos. Faíscas azuis saltavam de seu corpo, e arrepiaram os pêlos de meu braço. Fiquei desanimado ao ver o que tinha feito, não dei um funeral digno para a libélula. Apenas a joguei no cesto de lixo abarrotado de papéis e fui ao banheiro lavar a mão suja do líquido negro. Fiquei com o inseto e todos os outros bichos em minha cabeça o dia inteiro, eles tomaram conta de meu pensamento e não me deixaram em paz. Continuo não sabendo o que está acontecendo, e duvido que alguém saiba. Mas essa coisa já obteve sucesso ao dominar os insetos, pelo menos no caso da libélula a metamorfose havia sido perfeita chegando além disso. Pois a libélula ganhou um par extra de asas e o ferrão em forma de saca rolhas , sem contar tambem aqueles olhos vermelhos. A pergunta que me faço é: Até que onde essa “evolução” alcançará? Em qual grau da cadeia alimentar ela irá parar?”

Diário de Alexandre Álvares 02.04.2048

“Vários animais e insetos foram encontrados robotizados, até o momento nenhuma pessoa apresentou alguma alteração em seu organismo. Teria a evolução parado? Sei que esse diário era usado para descrever coisas do meu dia-a-dia, mas agora ele será uma espécie de reportagem sobre esse evento que por enquanto não se mostrou mais presente. E espero de coração que esse diário volte a ser o que era...”

Diário de Alexandre Álvares 06.04.2048

“Li uma matéria no jornal hoje que me chamou muito a atenção, mesmo com tantas evidências desse estranho fenômeno muitas pessoas se recusam a acreditar nele. Vários são os relatos de que isso não passa de um teste do governo para verificar qual o comportamento da população em meio a um fato inexplicável. O número de animais “evoluídos” diminuiu razoavelmente. Não acredito que a “evolução” tenha parado e sim que ela está se adaptando. Se tornando mais lenta para não afetar os indivíduos os quais ela “domina”.”

Diário de Alexandre Álvares 13.04.2048

“As minhas suspeitas começaram a ficar conclusivas, pelo menos em parte. A evolução não parou e tenho a prova disso em algum lugar de meu organismo. Se desenvolvendo e crescendo a cada segundo que se passa. Hoje no horário de meu almoço fui que pude comprovar isso. Como em toda semana de pagamento levo algumas contas para o escritório e as pago nesse horário. Foi quando cheguei à porta giratória que fui pego de surpresa pela “evolução”. Como de costume tirei as chaves, moedas e celular dos bolsos. Os depositei naquela caixinha que fica ao lado da porta, e quando tentei atravessá-la fiquei preso. Um dos seguranças se aproximou, dizendo que deveria retirar todos os objetos de metal dos bolsos. Não havia mais nada em meus bolsos que fosse de metal, voltei alguns passos atrás e tentei entrar novamente. A porta mais uma vez me negou acesso ao banco, senti uma ponta de raiva crescer dentro de mim, seguida de medo. Retirei meus pertences da caixinha e dei a vez para o próximo tentar entrar. O homem que estava atrás de mim retirou seus pertences dos bolsos e os depositou no mesmo lugar que eu havia deixado os meus. Observei-o tentando entrar no banco, a porta travando novamente. Não precisei ficar para ver que muitos outros não conseguiriam entrar naquele local, algo em nossos organismos estava ativando o detector de metais daquela porta.”

Diário de Alexandre Álvares 15.04.2048

“Descobri hoje uma transformação em meu corpo. E devo dizer que estou realmente abalado, um dos ossos de meu cotovelo se transformou em aço. Posso sentir seu formato “mutante” sobre minha pele. E sentir tambem o frio proveniente dele, é como ter um cubo de gelo sobre a pele. E essa sensação de gelado está tomando conta de meu braço, vagarosamente, mas é possível sentir ele pulsando sob a minha pele. Cada osso formiga freneticamente, em minha imaginação consigo vê-los se transformando no cromo prateado, ficando primeiro laranja enferrujado e depois prata. O cálcio sendo transformado em chumbo, ou qualquer outro metal ou aço. Outra coisa que já perceptível é o meu sangue, minhas veias agora estão saltadas. Como se o líquido que sempre as preencheu tivesse aumentado de tamanho, se expandido, ficado mais grosso... E talvez negro. Abalado não é bem a palavra que devo usar, estou amedrontado, em pânico. Será mesmo esse o nosso futuro? Evoluirmos até nos transformamos em máquinas, sem sentimento, sem alma? O orgânico sendo substituído pelo industrial? A “mágica” da vida sendo transformada em tecnologia? Depois de tantos acontecimentos e fatos, me parece impossível pensar ao contrário... Em breve mudaremos nosso jeito de ser, nosso modo de viver? Seremos humanos dentro de uma carcaça de metal? Ou nossa mente prevalecerá e não seremos transformados “totalmente” em máquinas? Isso pode ser um novo começo, ou o fim de tudo... Como criaremos um novo ser? Não seremos mais pais e mães? Os livros de ciência terão que ser atualizados, pois o Homo Sapiens se transformará em Homo Transistorz, seremos o topo da cadeia alimentar, pois não nos alimentaremos mais de nada... Eu viverei para responder todas essas perguntas, disso tenho certeza. Mas antes que as respostas se concretizem voltarei a tomar a aqueles banhos de sol, sentir a água do mar em minha pele. E todas aquelas sensações que só nos “humanos” podemos sentir, antes que minha carne caia de meu corpo, que meus ossos virem cromo e meu sangue se transforme em óleo. Antes que meu ser vire uma carcaça de aço...”

6 comentários:

  1. hehehe so postando um comentário aqui no blog para variar!!!

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  2. gostei do desfecho, mas o protagonista nao me pareceu tao em panico como deveria estar...

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  3. Mauro e Bruno muito obrigado pelos comentários. Fico agradecido de terem gasto um pouco do tempo de vc's para lerem =)

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  4. Puts bem sua cara msm mano!!!!fodastico!!gostei do blog...té +

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  5. da hora a Historia cara!!!bem sua cara msm!!!gostei do blog ...té mais lá na facul...ha tirei 7,5 na PI

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  6. hahaha Valeu Ricardo. Tirei 6,5 na pi cara, qe bagaça.

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